sábado, 19 de fevereiro de 2011

The Beatles: A imagem de uma marca eternizada

A despeito de todo esforço empreendido pela mídia no sentido de desmistificar a imagem dos Fab-four pelo mundo, divulgando os eventuais desvios de comportamento, as posições extremadas sobre temas polêmicos ou, ao contrário, as omissões de posicionamento sobre temas que a sociedade considera fundamentais, os Beatles se constituem realmente num fenômeno não só musical, mas, também, cultural, político e fundamentalmente de Marketing.



Quando vários teóricos procuram oferecer fórmulas para que as empresas consigam perpetuar sua marca no mercado, através de uma literatura imediatista e pontual, as fórmulas adotadas pelos gestores da marca Beatles, “tão contemporâneas quanto o disco de vinil” se mostram ainda eficientes e eficazes.


O portal Exame publicou em 07/10/09 com o sugestivo título “A construção de uma marca eterna”, um artigo tratando do fenômeno representado pela marca Beatles.


O recente lançamento das versões remasterizadas dos 14 álbuns do grupo Inglês provocou uma verdadeira euforia no mercado fonográfico mundial. Vários recordes foram batidos, inclusive alguns inimagináveis, como a colocação de 5 dos seus álbuns entre os 10 mais vendidos do ano no ranking da Billboard. O recorde anterior era de Michael Jackson, com 3 entre os 10 mais vendidos.


Foram vendidos em 5 dias, 2,3 milhões de cópias dos CDs e, simultaneamente, ao lançamento dos CDs, a MTV e a Viacom lançaram o Beatles Rock Band, um videogame que em apenas 1 semana entrou para o grupo dos 5 jogos mais vendidos nos EUA, Europa e Japão.


Qual o segredo desta longevidade da marca, com o vigor mercadológico apresentado?


Um controle rigoroso da imagem da marca Beatles pelos detentores dos seus direitos pode ser uma das explicações mais tangíveis.


Ou como bem qualifica o artigo do portal Exame; “Há muito marketing – bom marketing – por trás da marca Beatles”.


O artigo continua esclarecendo:


“Uma das táticas para preservar sua mística é manter longos hiatos entre cada leva de lançamentos de produtos que recebem a grife. Desde que os quatro músicos se separaram em 1970, houve apenas quatro grandes “ondas”. Em 1987 lançaram seus álbuns em CD – depois que as outras grandes bandas, como Rolling Stones e Pink Floyd já haviam feito a digitalização de suas músicas. O segundo grande lançamento só veio em 1995. Batizado de Anthology, o projeto reuniu os ex-intergrantes Paul McCartney, Ringo Star e George Harrison para gravação de três álbuns com músicas inéditas deixadas por John Lennon, assassinado 15 anos antes. Em 2000, lançaram o álbum Beatles 1, a primeira coletânea de grandes sucessos do grupo. A procura foi tão grande que o CD entrou para o Guinness Book como o álbum que vendeu mais cópias no menor espaço de tempo em toda a história: 13,5 milhões de cópias no primeiro mês”.


O que se percebe é que existe uma renovação constante de fãs dos Beatles.


Pesquisa da Pew Research Institute nos EUA, empresa especializada em comportamento, mostrou que os Beatles estão entre as quatro bandas favoritas de grupos de pessoas de todas as faixas etárias. E o que é mais interessante, a pesquisa também constatou que os Beatles estão em segundo lugar entre os astros pop mais admirados por jovens de 16 a 25 anos, logo atrás de Michael Jackson.


Mas administrar uma marca tão preciosa é como cuidar da galinha dos ovos de ouro.


O artigo do Portal Exame destaca ainda que este intervalo entre os lançamentos não é somente estratégico. Existem outros fatores contribuindo de forma menos nobre.


O americano Bill Stainton, autor de um livro ( 5 Best Decisions the Beatles Ever Made) que fala sobre o modelo de negócios da banda, aponta a complexa rede de autorizações necessárias para o fechamento de cada contrato como fator decisivo na velocidade dos lançamentos.


“Além dos ex-Beatles e de seus herdeiros, executivos da Sony/ATV (dona do catálogo com as músicas da banda) e da EMI ( que detém o direito de distribuição dos álbuns) precisam avaliar cada proposta. É muita gente para entrar em acordo, diz Stainton.


Para que as decisões desse grupo sejam respeitadas, foi preciso criar uma rede de proteção, com severas restrições ao uso da marca e uma afiada equipe de advogados”.


As restrições englobam fatores tais como:


Não é permitida a inclusão de músicas da banda em coletâneas com outros artistas;


A marca não pode ser vinculada a campanhas comerciais de produtos que não os dos próprios Beatles;


São vetadas promoções com os discos da banda – até hoje eles são vendidos com preços de álbuns novos.


Garantir que a marca esteja protegida ante a voracidade das empresas que procuram capitalizar para si um pouco do carisma dos Beatles já provocou longas batalhas judiciais.


A Nike em 1987 foi processada pela banda por utilizar a música Revolution num comercial de TV. Os ex-integrantes não foram consultados e cobraram 15 milhões de dólares já Justiça. O comercial saiu do ar e chegou-se a um acordo sem que o valor tenha sido revelado.


Em 1976, Steve Jobs batizou sua empresa com o nome Apple, que havia sido usado pelos Beatles, 8 anos antes, para nomear sua empresa a Apple Corps. Depois de 25 anos de briga o caso foi resolvido. Na época noticiou-se que Steve Jobs desembolsou mais de 500 milhões de dólares.


Num resumo desta obra, podemos entender que as fórmulas mirabolantes adotadas pelos marketeiros de plantão, visando perpetuar uma marca através de sua imagem percebida, podem não passar de mera retórica. Por trás de uma marca que quer ser percebida de forma positiva junto ao mercado, deve haver, além de estratégias de marketing bem planejadas, um processo de entrega de valor ao consumidor.


Não fossem os meninos de Liverpool tão talentosos, e não tivessem sido guiados por profissionais sensíveis e pragmáticos ao mesmo tempo, pouco provável seria a manutenção deste fenômeno por tanto tempo.


Ver matéria completa no Portal Exame http://portalexame.abril.com.br disponível em 07/10/2009.



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